02 outubro 2009

Memória falha.

Entrei naquela sala sem um pingo de vontade de estar ali. Aquela rotina de provas estava me matando, embora eu me concentrasse em manter na cabeça que eu só estava fazendo segunda chamada por ter faltado à prova e que isso poderia me ajudar muito. Mesmo limpo, eu sentia aquele uniforme pesar no meu corpo, grudar, talvez fosse o suor que havia brotado dos meus poros durante minha viagem de ônibus. Muito desagradável, por sinal. Fiquei me perguntando quantas pessoas estariam na mesma situação que eu (não que isso me consolasse de alguma forma), uma vez que é bastante desconfortável fazer uma prova numa sala vazia. Entrei, coloquei minha bolsa sobre uma das carteiras e sentei para esperar. Coloquei o fone de ouvido e pus-me a ouvir música. Minutos depois, um garoto entrou. Imediatamente, eu tive a sensação de já tê-lo visto em algum lugar, embora não conseguisse me lembrar de onde. Acho que ele também teve a mesma sensação, já que me olhou profundamente nos olhos. Talvez fosse algum ex-namorado, ou um ficante, ou alguém que conheci em alguma saída em grupo com os meus amigos. Ele caminhou pela frente da sala e escolheu uma carteira duas filas depois da minha, e três lugares atrás. Ele largou as coisas sobre ela e também sentou, parecendo muito entediado (e provavelmente desejando estar em casa, assim como eu). Vez ou outra, eu o mirava com o canto dos olhos, e reparava que ele também o fazia. A sensação de estar em um local silencioso e sem qualquer perspectiva de conversa me deixava sufocada, pois se tem uma coisa que eu gosto de fazer, e o faço bem, é falar. Já estava ficando irritada por não me lembrar de onde conhecia o tal garoto. Com o tempo, as outras pessoas foram chegando. Era um número razoável de pessoas, até. Vi um conhecido e iniciei uma conversa, esquecendo-me completamente do garoto que sentava próximo a mim, três cadeiras antes. Quando terminei a prova, entreguei-a ao fiscal e saí. A noite estava estrelada.

Um comentário:

MARLO RENAN disse...

Lembra de mim, Mariana? Talvez não, mas tudo bem. Só estou passando por aqui para dizer que adoro o seu blog e que você escreve muito bem - coisa que, de todo modo, você já deve ter ouvido de muitas pessoas.

Abraços. :)