09 junho 2010

Memórias.


Eu estou morrendo. Cada célula minha vai morrer, cada pedacinho de mim vai morrer aqui. Não vai haver mais nenhuma parte minha neste mundo, toda a minha existência vai ser varrida e o silêncio reinará. Só restarão as lembranças, as lembranças de tentativas frustradas de me eternizar nesse mundo terreno e tão leviano, onde o que importa é o que você mostra, e não o que realmente pensa e sente. Eu estou morrendo. O mundo não vai deixar de girar, as pessoas de viver e nem o sol de brilhar. O ar continuará o mesmo, aquela torta de chocolate ainda terá o doce aroma de tarde ensolarada e, embora eu custe a aceitar, as pessoas que eu amo também seguirão suas vidas e deixarão para trás todos os fatos que as machucaram. E, lentamente, minha existência vai cair no esquecimento. Todas as minhas lembranças, tudo aquilo que eu fiz, realizei, todas as marcas que eu deixei nesta vida vão sumir, todas elas vão desaparecer como ferida em carne, que pode doer um pouco no começo, mas acaba cicatrizando e sumindo. Eu vou gritar, espernear, me debater, suplicar, mas ninguém vai ouvir. Depois de um tempo, sequer lembrarão que um dia eu existi. Se perguntarão quem era aquela menina meio magrinha, de cabelo colorido, que tinha manias estranhas e era um pouco hiperativa, mas se contentarão apenas em responder a si mesmos “ah, era uma menina aí”.

Um comentário:

Renatha Benevides disse...

Nossa, Maya, que forte... Eu tô impressionada, emocionada, estasiada e não vou mentir: escorreram-me lágrimas dos olhos!
Muito bonito, apesar de triste.

Mas saiba que não cai no esquecimento. Há sempre algum gesto, alguma mania, alguma cor que nos faz lembrar!

Voltei com o blog e não vou deixar de vir aqui, viu? ;*