08 fevereiro 2010

A sua dor é a minha dor.


Eu andei, e depois corri. Corri até quase não ter mais fôlego, até quase não ser sustentada pelas minhas próprias pernas, logo elas, que me carregaram a vida toda sem reclamar (muito). Eu não sabia para onde estava indo, apenas corria em linha reta pela avenida. As luzes, os carros, o barulho, tudo isso penetrava em minha mente tão facilmente como se ela não passasse de uma peneira, me poupando de pouca coisa. Os meus olhos ardiam e na minha garganta parecia ter um nó, daqueles cegos, que eu sentia que não desataria tão fácil. Ele subia e descia, roçando nas paredes da minha traquéia e ferindo. Minha saliva tinha sumido, eu mal podia sentir o gosto da pasta de dentes que eu acabara de usar. Andava rápido, e foi só depois que desatei a correr, desejando desesperadamente encontrar alguém conhecido. Certamente, se parasse de correr desmaiaria, então era bom continuar, pelo menos até poder parar em um local seguro. Meus bolsos pulavam e de dentro deles vinha um estalido metálico, como se vários penduricalhos estivessem se chocando. No desespero, eu havia enfiado algumas moedas ali caso precisasse pegar um ônibus, mesmo sem ter qualquer destino em mente. Quer dizer, a menos que fosse um lugar completamente desconhecido e distante onde eu pudesse ficar sem ser incomodada. Onde ninguém pudesse me encontrar e me censurar pelos meus pensamentos loucos, que repetiam aquelas palavras como uma ferida que ainda estava aberta. E era isso, havia uma ferida em meu coração. Apertei o botão do 205 e esperei. Esperei, e esperei mais. Ninguém veio. Suspirei, muito cansada e me pus a refazer todo o trajeto até em casa, com as mesmas luzes, carros e barulho. Desta vez eu poderia prestar mais atenção neles. A noite estava quente, mas não como de costume, estava abafado, vi quando algumas nuvens negras se formaram pela manhã. Eu deveria ter percebido os sinais. Minhas mãos estavam geladas, eu estava suando frio. Sentia meus dedos formigarem e ficarem tão pálidos que até poderia contar as veias. Comecei a correr novamente. Eu corria como se desejasse que a dor do meu corpo fosse maior que a dor do meu coração, como se quisesse ficar tão exausta que nem fosse capaz de sentir medo, angústia ou aquele sentimento de inferioridade. Passei pela praça e foi lá que eu me sentei, na grama gelada, e fiquei por horas. Meu corpo todo latejava, meus pés e olhos ardiam e meu peito inflava e desinflava com uma velocidade e intensidade quase nunca vistas. Por alguns momentos, me faltou o ar e eu achei que fosse morrer. E pelos instantes seguintes eu desejei isso. Desejava morrer porque sentia como se minha pele estivesse sendo rasgada a sangue frio, e que alguém arrancasse o meu coração. Até tive a impressão de vê-lo pulsar, bem ao lado, ali no cantinho. Quando cheguei em casa, tive o impulso de tomar todos os comprimidos que vi pela frente, desde remédios para dor de cabeça até aqueles de tarja preta, embora eu não conseguisse distingui-los depois de tê-los misturado. Engoli tudo de uma vez e sentei no chão. Foi quando eu acordei aqui, e é só disso que eu me lembro.

9 comentários:

Anônimo disse...

Poor girl ;3

Dw disse...

Maravilhoso. ~

Anônimo disse...

Você anda dramática demais.

Anônimo disse...

Não é drama cara, é isso o que acontece quando a coisa mais bonita do mundo morre.

"Estamos em simetria de mentes,mas não estou mais feliz que você".

Anônimo disse...

Já pensou na possibilidade de que não existiu? Algo que morre facilmente, dificilmente existe/existiu.

Anônimo disse...

"Só o que é bom dura tempo o bastante pra se tornar inesquecível", num foi assim o que um babaca disse certa vez?!

Meça suas palavras antes de duvidar das coisas, a gente erra na vida e hoje eu vejo que isso foi a pior coisa que alguem pode ter visto, mas num dá pra abrir todas as portas que fechamos, mas apesar de tudo JAMAIS DUVIDE.

Anônimo disse...

Mas eu não duvidei de nada, só achei inutilmente elevado demais. o.O Calma heuheu

^^ disse...

hmm...não sei se houve algum problema com minha mensagem anterior ou se foi deletada, mas o que quero dizer é que só gostaria de conversar mesmo, caso possível, discutir seus trabalhos, mas se não for de sua vontade não há problema alguma, é só que não gosto de expor minha opinião tão abertamente e de modo tão conciso, falta espaço aqui, obrigado Nana, caso esteja disposta a discutir me envie um e-mail... Y.288515@yahoo.com.br tchau obs:não sou a pessoa que estava a reclamar de seu texto

Nanami disse...

Eu já mandei um e-mail pra você, ok? ;D