21 janeiro 2010

Sonho.


O abajur despencou e o som do vidro da lâmpada se estraçalhando quebrou o silêncio constrangedor. Olhei para cima e vi os seus olhos, tão nítidos, procurando os meus. Eu estava encurralada, e era isso que mais me apavorava. O cheiro do medo impregnava o quarto e fazia tremer as minhas entranhas. A estante balançou quando ele prensou contra ela sua pesada mão, tão decidida quanto ele mesmo. Um livro desabou e alguns penduricalhos se chocaram e trincaram. Eu ainda não sabia como a situação havia chegado àquele ponto, mas era fato que nada a faria voltar no tempo. Ele parecia me indagar com o olhar, mas eu não sabia que resposta dar. Pousou as mãos na minha cintura e, suavemente, foi subindo-as até minhas costas. Estremeci, ali era meu ponto fraco. Sua mão, aberta, percorreu a minha pele e eu tive de fechar os olhos para não deixar nada transparecer. Logo chegou ao meu pescoço, depois na nuca, e foi lá que ele segurou os meus cabelos entre os dedos e puxou minha cabeça em sua direção. Foi nessa hora que eu entreabri os lábios e me entreguei.

Nenhum comentário: