24 junho 2009

Daniel.

Nada me traria mais conforto que tuas pernas, pomposas, como leito. Muito embora não curassem minha dor na raíz, transformaríam-na em objeto de superação. Porque não há nada que não possa ser superado, eventualmente, e nenhuma felicidade única que seja eterna. A felicidade está nos momentos, sendo esse, talvez, o motivo pelo qual a nossa busca por ela nunca termine, já que a toda hora precisamos agarrá-la em uma de suas aleatórias (ou não) voltas em torno do mundo. Quero deleitar-me em teu júbilo, galanterias, frases, embora feitas, bonitas. Todavia, tristemente, adormecia no enfado de vê-lo sempre proferí-los a muitas outras, nunca para mim. Contentava-me em estar ao seu lado, consolando-te por conta dessas mulheres, mil, mulheres mil que assumem um lugar que eu almejo ansiosamente. Prefiro até não falar-te; nem confessar-te, só para ouví-lo e admirá-lo. Talvez nosso amor não desgaste, talvez o meu amor não desgaste. Porque tenho medo, muito medo, de que saibas da minha índole e vá embora. Eu não suportaria. Por essa razão, e por mais nenhuma outra, é que prefiro calar-me a estragar o doce devaneio de uma ilusão recém-feita.

Um comentário:

Anne Matias disse...

Nossa, muito, muito, muito lindo ;*