mas tudo corria bem. Decidiu levá-la ao shopping, pois havia combinado de encontrar alguns amigos. Ao chegar à área de fliperamas e ao deixá-la livre para que pudesse cumprimentar os demais, uma imagem lhe veio à mente. Os fios escarlates erguidos e presos no alto da cabeça, a camiseta regata, bege da mesma cor do short, e alguns movimentos rápidos e sincronizados. Aquela máquina de dança na parte interna nunca parecera tão vazia. A menina pediu que ele a acompanhasse até a livraria. Assim que entrou, um aroma de limão impregnou as suas narinas. Um homem, na cafeteria ao fundo, saboreava um pedaço de torta acompanhado de um capuccino. E mais uma vez, tornou a relembrar. Relembrou os momentos em que roçou seu nariz na pele dela e sentiu aquele cheiro cítrico, forte, e de como o tempo passava só para vê-la soprar o café durante quase dez minutos. Queria sair dali, aquelas imagens estavam deixando-o tonto. Assim que pôs os pés para fora da loja, um grito cortou o ar. “Susu!”. Como num reflexo, ele se virou e esperou que algum corpo despencasse sobre o seu, mas nada aconteceu. Ninguém apareceu. Quando se deu conta, uma outra morena havia corrido até um garoto loiro, provavelmente seu compromisso, e o abraçado fortemente, antes de selinhar os seus lábios. Não podia estar acontecendo. E quando sua acompanhante percebeu que alguma coisa o aflingia, tentou se comunicar. “Oi, tudo bem?”. Não, só podia ser uma brincadeira muito mal gosto. De muito mal gosto. No dia seguinte, resolveu visitá-la. A mãe da garota já o conhecia, tanto que pediu que entrasse e tentou lhe oferecer algo para beber, apesar de achar estranha a presença do moreno ali. Quando ele mencionou o nome, a expressão da mulher, que antes era prestativa e alegre, transformou-se numa careta de dor e agonia. No mesmo dia, à tarde, chegou ao hospital. O quarto era bonito, cuidadosamente decorado em vermelho e branco. Parecia feito especialmente para ela. E lá estava, deitada sobre a cama, cheia de fios e tubos. Seus olhos, antes tão verdes e vivos, encontravam-se adormecidos tão profundamente que ele temeu que nunca mais se abrissem. Mas, no momento, seguinte, despertou. Eles, que já estavam virados para a porta, não precisaram focar muito a imagem, apenas esperar que ela voltasse ao normal, nítida. Seus lábios, que agora não estavam mais tão vermelhos, modelaram-se em um sorriso pouco flexível, mas sinceramente feliz. Podia sentir.- Eu sabia que você viria. – Estendeu a mão, para que ele a segurasse firme, para que nunca mais deixasse o lugar de onde não deveria ter saído. Do lado dela.
Um comentário:
Muito legal o texto! ^^
Mas pra ser sincero...não entendi o título ! XD
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